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Esporte de Combate X Taekwondo
Como toda arte marcial, o Taekwondo possui uma filosofia enraizada dentro de si.
Na verdade, para os melhores professores, passar essa filosofia para seus alunos é mais importante que qualquer outra etapa envolvida. Você reconhece o nível de honra, se é que honra pode ser medida em níveis, de um professor de arte marcial quando sua maior preocupação não é formar campeões olímpicos, mas seres humanos.
Os seres humanos possuem algo chamado essência. Quando uma criança nasce, ela já tem uma essência dentro dela. Por vezes essa essência é agressiva, por outras é harmônica, e mais diversos outros adjetivos específicos. Entretanto, muitos poucos pais percebem o mal que causam a seus filhos por estímulos equivocados e inconscientes. 
Por exemplo: quando uma criança grita com uma outra para pegar um brinquedo, os adultos acham bastante graça, ao invés de se preocuparem. E se essa criança xingar a outra utilizando adjetivos como "bobo" ou "chato", será ainda muitas vezes incentivada pelos próprios pais, que irão achar aquilo "coisa de criança" e tomarão até como uma atitude engraçada e inocente. Infelizmente, eles não notam que ali está enraizada a essência violenta de um ser humano num corpo ainda infantil, e eles estão deixando passar a única oportunidade na vida que terá para mudar tal conceito, pois quando se derem conta na adolescência, a criança já estará muito mais próxima de um adulto e não escutará mais ninguém.
Como diz um sábio provérbio: Há três coisas que nunca mais voltam: uma flecha lançada, uma palavra proferida e uma oportunidade perdida . Pior ainda são os pais que lidam com a essência violenta dos filhos com mais violência, desequilibrando completamente qualquer relação sadia entre uma família. Todas essas questões estão dentro da filosofia do Taekwondo, bem como das verdadeiras artes marciais.
A arte marcial coreana é indicada para qualquer pessoa em qualquer etapa da vida. Não trate a criança como um ser que não raciocina, pois os filhos sempre são mais inteligentes que os pais. São evoluções naturais do ser humano. E sempre tenha consciência de que não importa quantos anos a pessoa tenha, mas como ela aproveita esses anos. Qualquer um conhece jovens que têm conhecimentos, atitudes valiosas e mentalidades muito superiores a muitas pessoas idosas, que mesmo próximas da morte ainda guardam dentro de seus corações rancores e mágoas, muitas vezes gerando câncer interno.
O Taekwondo desenvolve corpo, mente e espírito. A criança mais inquieta aprende a se controlar com o tempo, e a disciplina se propaga automaticamente. A partir do momento em que ela descobre todo um sistema de regras e hierarquia (faixas) a ser seguido, sua mente começa a redirecionar esse comportamento para a própria vida e as próprias atitudes (Do - Tao - Caminho). Não é a toa que a palavra "marcial" tem relação com a palavra "militar" , pois muitos dos conceitos de um estão dentro do outro.
Além disso, as artes marciais vão de frente aos vícios da sociedade. Um atleta quando vê o que seu corpo pode fazer e os benefícios que uma harmonia própria lhe trazem, começa a se desinteressar por drogas, cigarros ou álcool, pois começa a perceber mais claramente como isso envenena seu próprio corpo, e aumenta os limites que ele pretende ultrapassar. É normal ver um atleta trocar uma noite badalada por um noite de descanso para estar com sua energia completamente restaurada no dia seguinte. Entretanto, essas mudanças quando vão ocorrendo, geram preconceitos diante de nossa sociedade, que curiosamente não aceita de bom grado que os jovens vivam sem vícios, com o objetivo de serem os melhores seres humanos e chefes de família possíveis apenas. Talvez você concorde com o que acabou de ler e recrimine a sociedade, sem se lembrar que talvez você mesmo possa ter forçado alguma vez algum amigo seu a ingerir álcool em sua companhia, simplesmente porque "não gostava de beber sozinho".
O corpo humano precisa de álcool realmente, mas numa quantidade extremamente pequena, e que ele pode produzir através de reações químicas orgânicas. Uma pessoa bêbada cheira a álcool, pois o corpo precisando se livrar daquele componente que o envenena, coloca-o para fora por todos os poros possíveis. Em outras palavras, a pessoa até mesmo sua o álcool. Imagine o impacto disso em um corpo sadio. E pense antes de recriminar uma pessoa que não ingressa nesse processo, pois talvez você esteja invertendo os verdadeiros papéis.
O caminho seguido por uma pessoa do tipo descrito acima é uma estrada de infelicidade pessoal e frustração completa. Quando se colocam os pontos em questão, como o foi feito agora, não fica difícil para quem quer que seja entender porque apesar de ter nascido arte de guerra, a arte marcial é um caminho de amor. 

Um caminho buscado por muitos, e encontrados por poucos.


Forge o caráter
A verdadeira paz e felicidade, só pode ser dividida com iguais. Semelhante atrai semelhante. A própria pessoa começará a reavaliar seus relacionamentos, e escolher adequadamente aqueles que melhor se encaixam em sua visão de filosofia de vida. Por isso, diz-se que as artes marciais transformam covardes em heróis.

Aqueles que temem as artes marciais, o fazem por não conhecê-las - o que é compreensível - ou se influenciam pelos filmes fantasiosos e pancadaria promovida por seres desumanos bem próximos dos animais irracionais, que se enfrentam em gangues pelos grandes bairros - o que infelizmente também é compreensível.
Entretanto, jamais devemos julgar algo sem conhecê-lo realmente. E quando se conhece as artes marciais, principalmente as verdadeiras, rapidamente as pessoas percebem que elas levam exatamente ao caminho contrário: ao da não violência. 
Afinal, se você aprende a ter respeito ao companheiro, conhecimento de seus próprios limites, noção de hierarquia a seus superiores, harmonia interior e disposição física, com certeza seu caráter foi testado, e você saberá distinguir o certo do errado e o verdadeiro Caminho do homem do tão difundido Caminho da ignorância.


Grão Mestre da Kukkiwon
Uma vez descobriram um local único no mundo.
O local, diziam, abrigava o maior mestre de Taekwondo da humanidade. Um mestre que sabia todos os estilos, todos os movimentos, formas e filosofia da milenar arte marcial. Era o lutador e o artista em geral mais perfeito, e melhor, estava prestes a ensinar tudo o que sabia a estudantes que se mostrassem justos o suficiente.
Assim sendo, escolas de Taekwondo de todo o mundo mandaram um de seus aluos; o melhor que cada uma possuia, para tentar aprender o que um único homem tinha a ensinar. O lugar combinado para o encontro era espetacular. A natureza se fazia presente, em um lago, em uma fonte, em flores, em pássaros, em todas as coisas. O Dojang ficava no centro, simples e firme em contraste com o homem que todos procuravam, imponente mas de movimentos completamente suaves e um humilde e sincero sorriso no rosto.
Os estudantes de arte marcial foram chegando, de toda parte do mundo. E eles realmente eram incríveis. Haviam desde espanhóis, cujo treinamento era apoiado pelo governo, até brasileiros, cujo apoio para treinamento do governo era nenhum. Campeões nacionais, continentais, mundiais. Vencedores de competições de poomses e de competições de combates em suas variadas regras. Havia de tudo e de todos, mas faltava um.
Os artistas esperavam realmente pelo representante do Kukkiwon, sede máxima do Taekwondo, afinal, todos tinham sua própria visão de como seria o melhor entre os melhores coreanos, eternos número um do mundo. Talvez fosse o campeão do mundo, uma máquina de combate, alguém que traria tanta honra ao homem que ensinava quanto a ele que aprenderia.
Mas alguma coisa parecia ter saído errada. A decepção dos estudantes era visível, quando viram que o representante do Kukkiwon não era nem uma jovem revelação, nem um experiente mestre, mas um senhor de idade, que nem de dubok estava. Usava simplesmente um avental no lugar da faixa preta, e se apresentava como o faxineiro do Kukkiwon.
Muitos acharam que por trás daquelas roupas havia um mestre, e o respeitaram. Já o Grande Mestre que ouviram tanto falar, colocou-os em forma, no imenso jardim em frente ao Dojang. Com comandos que mexiam com os brios dos guerreiros, fez com que se preparassem para executar as técnicas de pernas da arte. Entretanto, o senhor de avental pediu para não participar, pois não conhecia o nome dos chutes, e ficou de fora observando. Alguns acharam se tratar de um gesto de humildade, outros desconfiaram, mas a maioria ainda achava que o velho era um mestre que se poupava.
Então, vieram os poomses. O velho homem insistiu que nada sabia. A maioria continuou confusa, preferiu acreditar que era um especialista em combates, que de tão fanático, esqueceu o conteúdo do outro lado da arte marcial, como é comum a muitos estudantes. Vieram técnicas de armas brancas, de quedas, quebramentos, e no entanto, realmente nada sabia, ou dizia nada saber, o velho. Quando finalmente começaram os combates e o homem não quis lutar, os estudantes se irritaram. Os ocidentais riram. Um deles desafiou:
- Vamos, velho, me enfrente! É impossível o Kukkiwon ter enviado alguém que não saiba lutar!
O velho, tentando evitar uma luta iminente, respondeu:
- Eu sou apenas um faxineiro; não sou um guerreiro! Realmente não sei lutar!
Outro estudante perguntou:
- Você não luta, não sabe técnicas, não sabe nada! Por que diabos o Kukkiwon te mandou aqui? O que você sabe fazer para justificar a escolha?
Para decepção daquele seleto grupo que esperava a resposta, o senhor disse:
- Eu? Eu não sei nada!...
Cada vez mais embasbacados, os estudantes começaram a repensar. O Kukkiwon deixava de ser o sonho que eles acreditavam. O Grande Mestre então os colocou sentados, e fez perguntas cujas respostas são obrigatórias em um exame de faixas brancas, oriundas de uma apostila dada aos estudantes tempos anteriores à avaliação. Eram perguntas do tipo:
- O que foi o Hwan Ran Do?
E em coro os estudantes respondiam, cada qual da forma como haviam aprendido e apreendido:
- Um grupo de guerreiros que realizou um treinamento físico e espiritual com o objetivo de unificar a Coréia! - dizia de forma geral o coro em suas diversas línguas.
E assim se prosseguiu. Eram dezenas de perguntas respondidas na íntegra e imediatamente por um grupo que as sabia de cor. Por fim, a última pergunta:
- Quais os os princípios do Taekwondo?
- Cortesia, Integridade, Perseverança, Auto-Controle e Espírito Indomável! - diziam com força nas palavras, os praticantes.
Achando que a "seletiva" havia acabado, os estudantes se surpreenderam quando o Grande Mestre perguntou:
- O que é integridade?
Um silêncio se fez. Não porque ninguém soubesse a resposta, mas simplesmente porque ninguém esperava a pergunta, afinal, isso não se encontrava em nenhuma apostila. Ora essa, pensavam os ocidentais, "integridade é integridade", "de pessoa íntegra". Um estudante foi responder, mas como guaguejava meio nervoso demais, o velho senhor ao seu lado levantou o dedo, e quando autorizado disse:
- Isso eu sei! Integridade quer dizer exemplar! Uma pessoa íntegra é uma pessoa justa!
- E cortesia? - continuou o mestre.
Em meio ao silêncio que aos poucos ia sendo quebrado, o velho levantou o dedo novamente, e quando autorizado, respondeu:
- Cortesia, isso eu tenho certeza, quer dizer reverência, respeito!
- Então, homem, qual a sua idéia de perseverança? - perguntou o mestre diretamente ao faxineiro.
- Eu acredito que uma pessoa que possui perseverança é aquela que se mantém firme diante de desafios, como esse em que todos esses rapazes estão aliás... não seria isso?
- E auto-controle?
Um estudante pulou a frente do velho, para dizer:
- É o domínio do próprio corpo!
- Alguém discorda? - questionou o Mestre. O velho senhor novamente levantou o dedo, e quando autorizado respondeu:
- Professor, posso estar falando bobagem, mas eu prefiro pensar como um domínio da cabeça e das emoções! Afinal, eu estou velho, meu corpo não me obedece como antes, mas eu sei os limites dele! E se eu sei os limites do meu próprio corpo, então nada me tira da cabeça que eu tenho controle sobre ele, entende o que eu quero dizer? Bom... acho que é isso!...
- Agora a última pergunta: o que é preciso para se ter um... como é mesmo... "espírito indomável"?
Os estudantes tentaram, mas nada conseguiram dizer de consistente. A maioria tentava definir com uma palavra, mas o mestre parecia não gostar de nada que ouvia, ou considerar insuficiente. Alguns faziam Yoga, treinavam embaixo de cachoeiras, controlavam sua energia chi, sentiam o tal 'espírito indomável' , mas não sabiam definir por quê. Foi quando por último o velho faxineiro disse:
- Professor, eu não sou o melhor pra falar disso, pois eu nem entendo de Taekwondo, e nem sei por que me mandaram aqui! Mas observando o que vocês estavam dizendo, eu acredito que deve-se chegar a esse quinto princípio pelos outros! Desde pequeno eu aprendi a primeiro aprender a andar antes de correr e... bom, provavelmente uma pessoa que tem respeito pelos outros, se faz como exemplo de justiça, não desiste de seu objetivo e possui um domínio de sua própria mente, e assim do seu corpo, bom... essa pessoa com certeza deve ter esse 'espírito indomável' pois isso não é lá muito fácil!...
O Grande Mestre então abriu as portas de seu Dojang, e disse em alto e bom tom, para um seleto grupo de pessoas que se fazia surpresa:
- Entre, meu bom senhor! De todos, você é o mais apto a receber o que eu tenho a oferecer, pois és um igual a mim; compreende o que eu compreendo! E dentre todos aqui, é o único que nada sabe, e sabe que nada sabe, e por isso está em condições iguais a mim de apreender o que quer que seja que eu tenha a oferecer!

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